Os benefícios das cores – Análise Cromática

Já falei algumas vezes que um dos elementos mais importantes na hora de compor um look é a cor.

Digo isso com frequência porque não apenas têm o poder de transmitir mensagens, assim como todo o resto que usamos, mas também de harmonizar nossa imagem e nos ajudar a atingir os nossos objetivos visuais. Especialmente as cores usadas perto do rosto.

A cor de uma peça usada perto do rosto acaba refletindo nele. Quando isso acontece, uma cor mal escolhida pode fazer com que olheiras, marcas de expressão, cicatrizes e proporções indesejadas sejam destacadas.

Algumas até deixam nossa pele “esverdeada”. Ao contrário de outras, que amenizam tudo isso e ainda ressaltam os contornos do rosto e dão uma aparência mais jovial e descansada.

impacto das roupas na sua imagem

Já passou por alguma situação em que alguém comentou: “Nossa! Você tá meio verde hoje… Tá doente?”. Ou só te achou meio abatida, quando você se sentia super saudável?

Pois é. Essa impressão é causada pela escolha de cor que você fez!

O uso da cor é bem extenso. Como quando as usamos para construir ilusões de ótica: alongar a silhueta, afinar a cintura, aumentar o busto, equilibrar o quadril… Seja lá qual for a sua vontade, o jeito como as cores são posicionadas no seu corpo faz muita diferença.

Além disso, elas podem te ajudar a atingir alguns objetivos. Seja para suavizar a sua imagem ou te posicionar de forma mais firme e imponente, um bom jogo de cores te levará até, pelo menos, a metade do caminho.

as cores para cada pessoa

O que funciona para mim, pode não funcionar para você – ou funcionar de uma forma completamente diferente.

Por isso, não apenas devemos saber quais as cores que melhor interagem com as nossas características naturais, mas também como coordená-las.

Afinal, algumas pessoas carregam contrastes com mais facilidade do que outras. Na medida errada, a roupa pode acabar aparecendo antes, comprometendo o resultado, por exemplo.

Este é um assunto um pouco complexo, que exige treinamento, sim. Mas elimina aquela idéia errônea de que preto fica bem em todo mundo (não fica!). Ou que cores quentes, como o dourado, ficam bem em peles negras, loiras ficam bem de rosa, e por aí… Balela!

As pessoas podem usar quase todas as cores, desde que sua temperatura (quente ou fria), sua intensidade (brilhante ou opaca) e valores (clara ou escura), se integrem às cores de sua pele, olhos e cabelos.

pessoas parecidas, cartelas de cores diferentes

Duas pessoas podem ter pele, olhos e cabelos da mesma cor e ainda assim possuirem cartelas de cores diferentes.

Por exemplo, uma pessoa com cabelos castanhos pode ter reflexos acinzentados enquanto a outra com o cabelo da mesma cor possui reflexos dourados. Reparar nesses detalhes é fundamental. É por isso também que, ao se expor ao sol, algumas pessoas ficam rosadas, enquanto outras ficam douradas.

Se você é do grupo dos que possuem reflexos e tons de pele dourado, isso é um dos indícios de que a sua cartela de cores é predominantemente quente. Se você é do segundo grupo, sua cartela pode ser fria.

resultados possíveis na análise cromática

A temperatura não é o único elemento importante. A saturação das cores, por exemplo conta muito.

Resumindo aos 4 grupos básicos, algumas possibilidades são:

Quem fica melhor com cores saturadas e intensas, no caso das cores frias, é da cartela de inverno. Essa cartela agrupa as cores puras e a única que possui o preto e o branco. Se essas cores ficam muito fortes em você, mas a temperatura não é um problema a cartela provavelmente é de verão. A cartela de verão tem tons mais lavados.

Pessoas com tonalidades de pele quentes podem descobrir se as cores fortes, como o laranja da cartela de outono, ficam melhor, ou se o pêssego e os tons pastéis da cartela da primavera são mais favoráveis. A cartela da primavera também tem cores mais vibrantes e “estouradas”.

de onde saiu a análise cromática?

A origem dessa teoria é controversa. Alguns dizem que começou quando o artista Robert Dorr observou que as pessoas tinham subtons quentes e frios de pele. Outras creditam unicamente ao pintor Johannes Itten.

Johannes Itten era um pintor suíço e professor da Bauhaus. Quando ensinava harmonia de cores, percebeu que seus alunos repetiam suas cores pessoais em suas pinturas. Isso fez com que desenvolvesse uma teoria de que as cores das roupas de uma pessoa deveriam repetir, e assim valorizar, sua coloração.

Partindo disso, vários métodos surgiram e o mais antigo e utilizado é o da estilista Suzzane Caygill, que organizou as cores em quatro grupos básicos, de acordo com as estações do ano.

e como descobrir as cores que te favorecem?

Uma análise cromática precisa requer olhar treinado, equipamento e ambientação certas.

Conforme os anos passaram e outros profissionais foram surgindo, a análise básica das 4 estações ficou como ponto de partida. Os desdobramentos chegam em 12, 16 e alguns profissionais trabalham até com 20 cartelas adaptáveis.

Quanto mais possibilidades, mais específico o seu resultado. Mas isso pode trazer confusão também – especialmente porque algumas metodologias ainda não contemplam misturas importantes.

Neste vídeo, você pode ter uma ideia de como é uma análise profissional:

dá pra fazer análise cromática sozinha em casa?

Sim e não. Porque toda a técnica parte das suas cores, pelo menos 50% do seu guarda-roupa já está dentro da sua cartela. Então no fundo você já sabe o que fica bom ou ruim pro seu caso.

O problema é que a gente recebe tantas influências externas (moda, gosto pessoal e imposições alheias, por exemplo), que isso se perde.

E, sim, se você consegue fazer alguns exercícios pra treinar o seu olhar.

Pra ter um resultado acurado e inclusive se encontrar dentro de uma categoria das metodologias vigentes, só com um profissional habilitado. Eu falei bastante sobre isso nesse vídeo aqui:

Para experimentar se uma determinada cor fica boa em você, aproxime ao rosto e observe a reação. Um ambiente com luz natural do sol e a pele limpa são importantes para o teste.

Em resumo: se a cor REALÇA a sua coloração pessoal, ao invés de alterar ou deixá-la abatida, é boa pro seu caso.

Em um teste, descobrirá que provavelmente as cores de mais de uma cartela ficarão bem em você. A diferença é que uma ficará boa e a outra ficará perfeita.

Além disso, a forma como essas cores são combinadas também faz conta.

Uma pessoa pode parecer de uma cartela, mas ser de outra – e esse é o tipo de especificação que só um olho treinado consegue captar.

análise cromática e a professora de artes do colégio

As cores quentes, como a “tia” querida de Artes ensinou na escolinha pré-primária, são aquelas com um quê de alaranjado ou amarelado. Já as frias, são levemente azuladas. A questão é que a professora de artes dividia o círculo cromático em 2, pra facilitar o processo. E na vida, essas cores aparecem misturadas entre si.

Algumas metodologias de análise cromática trabalham com os chamados “círculos cromáticos enriquecidos”, lavados ou adaptados de alguma outra forma. Por isso, tirando laranja, preto e branco puros, todas as cores se encontram em todas as cartelas. O que muda é o subtom.

Isso é uma das coisas mais confusas para quem não trabalha em áreas visuais, mas é um dos detalhes mais importantes.

Por exemplo, o vermelho sangue pode não ser o melhor pra você e o borgonha pode ficar um pouco apagado. Mas o ferrugem fica interessante e o coral fica bem incrível.

como lidar quando uma cor não fica legal?

Vamos supor que você me diga: “laranja está super na moda, fica péssimo em mim, mas eu faço questão de usar!”. Não precisa sofrer por isso! Você pode dosar a quantidade dessa cor no seu look ou afastá-la do rosto- como eu expliquei no vídeo abaixo:

diferença da análise cromática no estilo

Quando eu aprendi essa técnica, fiquei enlouquecida. Pensava que era impossível falar de estilo ou construir um armário legal sem saber exatamente qual é a sua cartela.

Porém, os anos foram passando, eu fui ganhando experiência e tendo uma compreensão muito maior do meu trabalho. Hoje, eu penso que a análise cromática é importante, sim. Mas ela não é essencial.

Ou seja, saber as suas cores pode te ajudar, mas imagem é quebra-cabeça. Mais importante é saber os seus objetivos, seus gostos e coordenar cada elemento de acordo.

Se você souber a sua cartela, mas não souber sobre o que compõe o seu estilo, continurá insatisfeita. E melhor que saber suas cores é também saber como distribuí-las entre as suas proporções. Ou como escolher a coordenação certa para aquela reunião de trabalho.

A coisa mais importante que eu aprendi ao longo dos anos é que cor é só mais uma ferramenta e que ferramenta nenhuma constrói nada sozinha.

Este artigo é a reorganização de conteúdos originalmente publicados entre 2008 e 2017.