Look de vitrine: por que nunca fica igual?
Por que na modelo da loja virtual e no manequim da loja as roupas fica incríveis, mas quando a gente veste o resultado é bem diferente do look de vitrine?
Não tem jeito: isso sempre vai acontecer. Há uma série de motivos para a mesma peça ter um caimento em cada corpo. Mas não é por isso que toda ida ao provador tem que resultar em frustração!
Quais são os seus padrões?
O primeiro motivo pelo qual a gente sempre sente que a roupa não caiu tão bem no nosso corpo quanto no corpo da modelo é a nossa construção de olhar. Ao longo da vida aprendemos sobre o que é bonito e quais padrões são belos e “certos”. Embora exista um padrão maior, que é eurocêntrico, alguns pontos variam de pessoa para pessoa.
Se você nasceu nos anos 80 e cresceu vendo as dançarinas do É o Tchan e a banheira do Gugu, certamente foi influenciada a crer que aquelas mulheres com quadril largo e bumbum em evidência sejam o ideal de beleza. Não é o mesmo padrão das mulheres musculosas, nem o das modelos dos anos 80 que eram super magras.
O primeiro passo, então, é entender o que foi que empurraram para você como ideal de beleza. O segundo passo é perceber que você também foi levada a acreditar que não é bonita o suficiente e que várias características suas estão “erradas”.
Reconhecendo tudo isso, se torna possível desconstruir os conceitos que foram despejados em cima de você e perceber que você também tem vários pontos positivos a serem valorizados. Enxergar a sua beleza é consequência dessa desconstrução, assim como é etapa fundamental para perceber que a frustração por não ter o corpo de um manequim de vitrine ou de uma modelo de e-commerce não faz sentido. E então, enxergando a sua beleza, você percebe que a frustração por não ter o corpo de um manequim de vitrine ou de uma modelo de e-commerce não faz sentido.
Truques e edições
Outro motivo para derrubar essa ideia de que a roupa tem que vestir seu corpo igualzinho ao da modelo é que aquela moça da foto não é uma pessoa real. Não quero dizer que a modelo seja um replicante do Blade Runner. É que, na verdade, além de todas as edições de Photoshop, algumas utilizam truques com fat suit, um macacão com enchimento que vai por baixo da roupa e transforma uma pessoa magra em plus size, ou em gestante. Aí, é claro que a roupa vai ter um caimento diferente. Aquele corpo sequer é um corpo!
Além disso, tem muito truque de styling nos ensaios fotográficos para ajustar o caimento de uma peça. Quando eu trabalhava com produção e styling, andava com uma maleta de ferramentas, cheia de pregadores, grampos e outros instrumentos que me ajudavam a fazer altas gambiarras para melhorar o caimento da roupa sem estragá-la.
É claro que nem toda marca usa fat suit nos ensaios fotográficos, e algumas até avisam que as fotos feitas para mostrar as peças não receberam nenhum tipo de edição. Mas vale ter isso em mente na hora de se comparar com modelos.
Diferente não é ruim
O mundo é um lugar diverso e isso é maravilhoso. Por isso, não há mal algum em cada um ter o corpo de um jeito e com diferentes proporções. Muitas vezes, mesmo uma modelo que tenha o mesmo formato de corpo, como pêra, ou maçã, tem proporções diferentes que interferem no efeito de um vestido ou uma camisa. E não há mal algum nisso. A diferença no jeito que a roupa veste o seu corpo não precisa ser um problema.
Por que você gostou daquela peça, afinal?
Para reduzir a frustração, vale se perguntar: por que você quis provar aquele vestido? O que você viu de bom naquela blusa? O que mais te agrada naquela saia?
Muitas vezes, a diferença no caimento não interfere em nada nos pontos positivos daquela peça. Embora ela chame atenção na hora que você se encara no espelho, tente esquecer as expectativas criadas pelo manequim e concentrar na peça. E daí que a pantacourt virou pantalona, se você gostou mesmo foi da estampa? A calça continua sendo linda!
O que quero dizer é que talvez a peça ainda seja ótima para você, mesmo que o look não fique igual ao da vitrine.
Ajustes são necessários
Toda roupa precisa de ajustes para vestir perfeitamente o nosso corpo. É impossível uma marca produzir qualquer peça que vista bem todos os corpos, assim como achar uma roupa que caia como uma luva é raridade. Então, ajustar barra, fazer pence e mudar o comprimento de uma blusa fazem parte do processo de comprar uma roupa nova.
Ao experimentar uma roupa no provador, é importante se concentrar no que precisa ser ajustado. Mudanças simples podem fazer maravilhas pelo caimento e pelo efeito da peça no corpo.
Uma roupa nunca vai ficar igual às fotos da loja virtual ou ao look de vitrine. Mas, ajustando as expectativas e desconstruindo algumas ideias, dá para experimentar, encontrar boas peças e não ter que viver a frustração de não ter a silhueta de uma modelo editada no Photoshop.