Ficar sem comprar roupa é bom?

Man keeping a woman from entering a store

Eu sempre escrevo sobre como um armário cheio é um armário ruim, sobre deixar-se consumir menos e o quanto vale a sua imagem, etc. Várias das minhas clientes de consultoria de imagem “reclamam” que não conseguem mais comprar tanto quanto antes, porque agora conseguem entender o que realmente precisam. Mas, não sou favorável ao parar totalmente de comprar.

Embora eu admire blogs como o “Um ano sem Zara“, o pessoal que passa uns tempos com apenas um número limitado de peças no guarda-roupas e outras iniciativas do gênero, não aconselho que você simplesmente pare de colocar peças novas no seu armário – a menos que, como no exemplo do “um ano sem zara”, seja por um período específico.

Sim, mesmo com um armário enxuto, você provavelmente tem mais peças do que de fato precisa – se a gente for pensar só na parte da roupa como proteção. E suas peças não vão simplesmente se desfazer quando você resolver que vai descartá-las. Porém, se a gente pensar na roupa como um reflexo de quem somos, uma forma de se colocar pro mundo e de se expressar de forma mais confortável, a gente ainda vai precisar de peças novas.

Isso porque a pessoa que você foi ontem é diferente da que você será em alguns meses. A vida muda, a gente muda, as necessidades também. Sem contar no nosso corpo e nas questões práticas que ele envolve. Mesmo quando o peso se mantém, a idade vem e transforma a ordem das coisas.

E, se tudo se transforma, como manter o mesmo armário?

É bem verdade que dá pra mudar muito do jeito como a gente se coloca pro mundo apenas revendo a maneira como a gente usa e como combina as peças que já tem. É mais verdade ainda que para fabricar uma única peça de roupa vários dos nossos atualmente escassos recursos naturais são necessários – e é mais importante beber água do que ‘andar na moda’ – mas, eu acredito mais em repensar no jeito como as coisas são feitas do que deixá-las de vez. Até porque isso poderia trazer uma crise ainda maior.

Por isso, do lado do consumidor, em vez de simplesmente parar de comprar, eu vejo como caminho o comprar melhor. Não só no sentido do que isso impacta na sua vida prática, mas também de procurar fabricantes que procuram produzir de forma mais sustentável (ambiental e socialmente),  de gente que não precisou usar recursos novos para fabricar aquela peça (como os brechós e marcas que utilizam matéria-prima já existente como ponto de partida do trabalho), costureiras que possam dar uma nova cara para o que você já tem e alternativas similares.