A máscara em que todxs vivemos
Por aqui, aproveitei essa pausa no meio da semana para, entre outras coisas, colocar alguns documentários da “minha lista” do Netflix em dia. Um deles foi o excelente The Mask You Live In, que fala sobre como a definição cultural de “masculinidade” também está prejudicando os meninos e homens da nossa sociedade e como isso precisa ser mudado.
Não é novidade pra ninguém que esses ideais de gênero sempre foram um problema gravíssimo e o machismo pode prejudicar até aqueles que busca privilegiar. O lance é que a gente fala muito sobre os problemas maiores, como estupro, abusos físicos e psicológicos e feminicídio, mas o documentário mostra como tudo isso começa a ser construído das formas mais sutis, desde muito cedo. Uma piadinha aqui, uma obrigação de cumprir um papel ali…
“Homens precisam ser isso (insira aqui alguma obrigação social do machão: forte, fechado, pegador, etc.)”/ “Mulheres precisam ser aquilo (insira uma da mocinha: delicada, meiga, sensível, etc.)”
E aí a gente esquece que todo mundo é humano e tem direito a se ver forte ou sensível, acessível ou mais reservadx, entre muitas outras, como se cada uma dessas características fosse reservada apenas a um gênero e pronto.
Você já parou pra pensar em todos os papéis aos quais se presta sem necessariamente ser, e também sobre os que abandona por achar que não pode, apenas por ser mulher?
Além dos tradicionais papéis de boa esposa, mãe e dona de casa, meiga, doce, acolhedora, existe também toda uma nova obrigação de que você até pode ser solteira, engraçada, forte, profissional, etc, desde que seja muitíssimo bem sucedida e passe a sua vida viajando e afogando as mágoas em compras de sapato (como apontou a Nina Lemos numa coluna recente). Ou seja, você até pode sair de um padrão aprisionador, desde que caia em outro igualmente limitante.
E se não existissem essas distinções? E se a gente pudesse de fato escolher tudo o que quer ser e como quer ser visa, independente de gênero e construção social?
De que forma você gostaria de ser vista? Que características suas finalmente colocaria pro mundo?
COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER QUANDO
Não entende muito bem como essas construções podem te afetar
Além do The Mask You Live In, o Netflix tem outro documentário excelente que mostra a história de algumas das mais icônicas mulheres que participaram do movimento feminista, lá pras décadas de 60 e 70.
She’s Beautiful When She’s Angry aponta como a gente teve que caminhar muito pra que questões básicas fossem resolvidas (embora ainda tenhamos muito chão pela frente) e acaba mostrando como essa luta também acabou criando novos papéis e novos problemas de gênero que precisam ser (re)pensados.
Não se vê em alguns dos papéis mais básicos que nos deram
Como o de que “Mulheres adoram fazer compras” e se você não gosta, é um E.T.. No vídeo dessa semana, falei sobre esse mito que acaba afetando tantas mulheres, fazendo com que se afundem em dívidas, encham seus armários de coisas que não fazem o menor sentido ou então com que se sintam fora da curva só porque não vêem prazer em comprar sem limites. Assiste aqui!
Acha que precisa se vestir de uma forma X ou Y pra se enquadrar em determinados papéis
Muita gente acha que pra parecer mais forte, é preciso abandonar alguns elementos do universo feminino – como se executivas e mulheres “poderosas” só pudessem vestir terninhos, camisas e outros elementos masculinos, por exemplo. Ou que para cumprir o papel tradicional de feminilidade é preciso parecer ingênua e até infantilizada.
Se você ainda está presa nesses conceitos, te convido a reler esses 2 textos antigos, mas didáticos, que escrevi no blog há um tempo. É só clicar: “Feminina, mas não infantilizada” e “Mulheres poderosas não vestem só calças”.
PRA REFORÇAR O QUE TODO MUNDO PRECISA
Dá o play nesse clássico e canta bem alto com a Aretha, que revolucionou uma música escrita originalmente por um homem (Otis <3), apenas trocando o gênero, e transformou ela em praticamente um hino da luta dos direitos para as mulheres.
*este texto foi originalmente enviado para as mulheres que assinam a minha newsletter. Se você também quiser receber textos especiais e saber de cursos, workshops e outras novidades antes de todo mundo, além de desentulhar esse armário, baixe o e-book e assine a lista aqui.
Imgem: Youtube