A moda sem crise

E todo mundo só fala da crise.  O desespero é geral: As pessoas não querem gastar porque não sabem quanto tempo vai durar, o que faz com que as empresas não tenham como se manter e demitam funcionários – isso quando não vão à falencia -, que ficam sem dinheiro para consumir, e tudo vira um circulo vicioso.

Então vêm os cortes nos orçamentos pessoais. Os primeiros ítens eliminados da lista são os superfluos e neles, obviamente, incluem-se as roupas, os acessórios e tudo aquilo que a gente não necessariamente vai morrer se não tiver, mas que fazem toda a diferença.

Mesmo para os que ainda estão distante dos cortes mais radicais, a moda agora é o consumo consciente, finalmente. Até Anna Wintour anda apoiando a ideia – ela, que foi uma das responsáveis pela cultura do luxo ostensivo.

Mas eu não vou nem começar a falar sobre o quanto isso reflete no mercado e o comportamento do consumidor a partir de agora, porque isso é assunto para outro post.

O post de hoje vai ser para mostrar que não é por causa disso que devemos deixar nossa imagem de lado. Afinal, as pessoas vão continuar nos julgando pelos sinais que nossa aparência transmite, com ou sem crise.

Além disso, não é porque não é o momento de adquirir novos itens must have que vamos deixar de aproveitar toda a diversão que o nosso guarda-roupa pode nos proporcionar.

Enquanto Obama não salva o mundo, é hora de sermos criativos!

Como?

Antes de tudo, é sempre bom dar aquela revisada no guarda-roupas.

Faça pilhas se precisar:  o que serve, o que pode ser transformado/que precisa de ajustes e o que não serve/já está velho e precisa ser descartado. Essa é uma tarefa que deve ser feita com calma, o potencial de todas as roupas deve ser avaliado. Sem contar que sempre existem aquelas peças com “valor sentimental” que não são usadas há cinco anos, mas que por algum motivo não são mandadas embora – agora é a hora! Muitas peças no guarda-roupas só atrapalham na hora de se arrumar, porque no meio de tantas coisas, acabamos esquecendo de peças legais que possuimos e usando sempre as mesmas combinações.

Use a criatividade.

Prove todas as roupas, fazendo o máximo de combinações possíveis. Tente usar as peças de maneiras que não foram usadas ainda: experimente novas misturas de cores, faça sobreposições de cores vibrantes com estampas e cores neutras, preste atenção nas texturas. Conforme seu senso estético seja desenvolvido, tente até misturar estampas (mas, pelo amor de Deus, cuidado nessa hora!). Experimente, abuse dos acessórios. A época pede looks menos ostensivos, mas não é por isso que devemos nos vestir como se estivéssemos de luto. Muito pelo contrário – não se esqueça que a cor e características das roupas podem fazer maravilhas com nosso humor e disposição!

Lembre-se: o consumo agora é consciente!

Depois de revisar o que serve e o que não serve, sempre vão ficar faltando algumas coisinhas, mas tempos de recessão não adianta se esbaldar nas compras, adquirindo peças ousadas e muito diferentes, que não combinam com quase nada do que você tem, e que vão ficar “batidas” depois de dois dias de uso. Claro, comprar uma peça da moda porque tem a ver com o seu estilo e porque você simplesmente se apaixonou por ela, é totalmente válido, mas um armário com peças que serão over na próxima estação só vão te levar à falencia – lembre-se também que é hora de poupar a natureza, evitando o desperdício em roupas descartáveis – pense no quanto aquela peça agrediu a natureza para que fosse produzida, você não vai querer que isso tenha sido em vão, não é mesmo?

Invista mais em peças básicas que possibilitem inúmeras combinações, peças versáteis que possam ser usadas de maneiras diferentes e em roupas que sejam válidas para ocasiões e horários distintos. Pense  na qualidade das peças, na durabilidade, na praticidade na hora de lavar e conservar X custo do produto.

Aproveite as pessoas com as quais você convive.

Uma das propostas mais fortes nas últimas temporadas é a androginia e as peças do boyfriend. Apesar de não ser muito fã das boyfriend pants, porque não favorecem ninguém e são muito difíceis de usar (eu não quero nem pensar naquelas mulheres que tiveram a infeliz idéia de cortar e enrolar a calça para usar como shorts, com meia-calça por baixo!), essa moda veio com tudo.

Por outro lado, quando a imaginação é liberada, conseguimos fazer combinações bem legais com os boyfriend jackets. Isso mesmo. Faça experimentos com o paletó do seu namorado (ou irmão, se for o caso).

A arrumação é fundamental.

Separe as peças por temas – trabalho, faculdade, saidas casuais, festas, etc.  O destaque das peças no guarda-roupas é proporcional ao uso – quanto mais versáteis e úteis forem as peças, maior destaque elas devem ter. Não adianta nada colocar aquele vestido de festa, no meio do seu armário se você não vai poder usá-lo em nenhuma das suas atividades cotidianas. Uma forma interessante de organizar as roupas e facilitar a vida, é fotografando as peças/ looks previamente montados – Se você possuir Iphone existem vários programas como este aqui, que tornam tudo mais divertido (só eu sei o quanto eu quero um Iphone depois de descobrir isso!).

Conserve suas peças.

Não adianta nada fazer tudo isso, se as peças não forem bem cuidadas. Preste atenção nas instruções da etiqueta; use sacos de TNT ao invés de plásticos para armazenar roupas que precisem de proteção (os sacos plásticos não deixam a roupa “respirar”, o que faz com que mofem); coloque em cabide o que precisa ser pendurado e dobre o que precisa ser dobrado (roupas de malha em cabide, por exemplo, ficam deformadas); abra seus armários e gavetas periodicamente para que as roupas sejam arejadas; e não coloque saches nos armários pois atraem pragas diversas que danificam as roupas.

Seguindo essa linha de pensamento fica até mais fácil atravessar a crise!