Análise cromática: O que você precisa saber antes de fazer a sua?
Se tem uma parte da consultoria de estilo que as pessoas amam é a análise cromática. Há clientes que até acreditam que basta uma análise cromática e todas as questões com o guarda-roupa serão resolvidas.
Nem preciso dizer que não é bem assim, né? Além da consultoria de estilo ser um trabalho bem mais amplo e profundo do que a análise da melhor paleta de cores para cada pessoa, nem sempre esse estudo resolve as questões com o armário. Há casos em que mais atrapalha do que ajuda.
Às vezes, quando a cliente ainda está no começo da jornada para identificar e libertar o próprio estilo, a análise cromática pode levá-la a acreditar que algumas roupas que gosta não “servem” para ela, por não estarem exatamente dentro da cartela de cores.
É por isso que, para começar a análise cromática, eu recomendo entender algumas questões do próprio estilo e identificar determinados pontos sobre si mesma. Essa bagagem vai ajudar a tornar a análise cromática mais útil e aplicável.
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O que você vai fazer se as cores que você gosta não aparecerem na análise cromática?
É claro que, para responder essa pergunta, você primeiro precisa identificar quais são suas cores preferidas. Você pode até responder que gosta de verde e azul, mas qual verde e qual azul? Verde clarinho, oliva ou musgo? Azul anil, royal ou turquesa?
Estas não são só pequenas variações de uma mesma cor. Elas podem conter mais amarelo, mais vermelho e terem temperaturas mais quentes ou mais frias. Essas diferenças interferem no resultado do look e tornam uma cor mais ou menos indicada para ser usada perto do rosto, seja em uma blusa ou batom.
Quais mensagens você quer projetar por meio da imagem?
A análise cromática não é o único critério de escolha na hora de montar um look. Não dá pra fazer uni-duni-tê nos quadradinhos da cartela – pelo menos não em qualquer ocasião. Ela traz uma gama de tons que têm mais potencial para ficar bem em você, mas que não necessariamente estão alinhados à mensagem que você deseja projetar. Por isso, mesmo com a análise cromática resolvida na sua vida, você ainda vai precisar botar a cachola pra funcionar na escolha das roupas.
Sua cartela pode ter fúcsia e verde limão, duas cores vibrantes que você ama. Mas, se você vai para uma reunião super formal com diretores da empresa e quer transmitir sobriedade, essa combinação em uma blusa pode não ser a mais indicada. É proibido usá-las em reuniões formais? De forma alguma. Mas, dependendo do perfil da empresa, do seu cargo, dos seus interlocutores e da mensagem que você quer transmitir para eles, talvez sua cartela de cores tenha uma outra opção que você também goste e que se alinhe melhor ao seu objetivo.
Qual é o seu estilo e como as cores aparecem nele?
Estilo e imagem são coisas diferentes. O estilo tem um quê de essência, de resultado da combinação da sua personalidade e experiências da vida. Portanto, ele é individual, intransferível e mora bem lá dentro de você. Já a imagem é como você projeta para o outro o seu estilo – ou partes dele.
Portanto, mais do que entender a imagem que você quer projetar, é importante compreender e saber lidar com o próprio estilo.
Ainda que o fúcsia e o verde limão apareçam na sua cartela, elas podem aparecer no seu look na maxi estampa geométrica de um vestido assimétrico, nas florzinhas de uma bata de babados ou na combinação de terninho liso e scarpin. Perceba: as mesmas cores podem estar em looks totalmente diferentes. Podem ser protagonistas ou pequenos detalhes. Podem criar contraste, fazer tom sobre tom, compor estampas delicadas, estampas mais chamativas, peças lisas…
Para saber o que fazer com as cores da sua análise cromática, é fundamental entender seu estilo e saber como as cores aparecem nele. Porque, ainda que a bata de babados esteja super dentro da sua cartela, talvez você se sinta fantasiada de outra pessoa se vesti-la – coisa que não aconteceria com o terninho, ou quem sabe com o vestido.
Para onde você quer direcionar a atenção?
Cada look que você compõe pode direcionar o olhar para uma parte do seu corpo. Para o rosto, para o quadril, para o colo… Quem decide é você, de acordo com os seus objetivos e com as partes do corpo que você mais gosta.
As cores podem ser boas aliadas nessa empreitada, ou podem atrapalhar. Uma blusa com estampas contrastantes, combinada com uma saia lisa e neutra, possivelmente atrairá a atenção para a parte de cima do corpo. E se você usá-la com um blazer fechado, deixando à mostra só a gola, ela vai ajudar a direcionar a atenção para o seu rosto. Mas talvez esse não seja o seu objetivo naquele momento. Então, antes de escolher onde posicionar cada cor, vale pensar no efeito que você deseja e no resultado que elas vão te ajudar a conquistar.
Além das cores, quais são os outros elementos que constituem o seu estilo?
Uma peça é composta por muito mais do que cores. Materiais, linhas, formas, caimento, aviamentos, se tem ou não algum aplique… Tudo isso faz diferença. Uma camiseta branca pode ficar ótima em você, ou pode ser que você vista e sinta que não tem nada a ver com o seu estilo, embora tenha outras camisetas brancas de que gosta.
É que, às vezes, um bordadinho na manga, um corte mais ou menos acinturado, uma barra dois centímetros mais alta causam um impacto danado no resultado final do look – e na nossa percepção sobre a peça.
Então, não caia na cilada de escolher uma peça só porque as cores estão na sua cartela. Eu já disse isso, mas é sempre bom repetir: entenda seu estilo! Saiba se maxitricô faz sentido pra você. Se paetês combinam com a sua personalidade e a mensagem que quer transmitir. Se alfaiataria não é pra você ou se é a sua cara.
Todo esse repertório vai te ajudar a ir além de escolher peças com cores que te favoreçam. Eles vão te dar um belo apoio na fazer algo muito melhor e com resultados bem mais felizes: encontrar roupas DigDin, aquelas que quando você veste, instantaneamente começa a tocar o funk do “Sou F*da”.
Análise cromática não é tudo
Deu para perceber que não basta fazer análise cromática e conhecer a sua paleta de cores? Esta é, na maioria dos casos, a última etapa de um trabalho mais profundo de conhecimento do próprio estilo, que envolve, inclusive, descobrir maneiras de expressá-lo. As cores que vão te ajudar a fazer isso com mais assertividade são parte de um leque de questões-chave que precisam ser estudadas.
Eu não quero desencorajar ninguém a fazer análise cromática – pelo contrário. Mas, se você chegar a essa etapa com um bom repertório, esse estudo vai ser muito mais útil para te ajudar a conquistar os resultados que você deseja com a sua imagem.