Trajes nos convites de casamento: colocar ou não colocar?

Definições de trajes nos convites de casamento já viraram uma discussão antiga entre quem trabalha com vestuário e etiqueta. Afinal, a prática é legal ou não?

Os argumentos contra os trajes no convite

Quem é contra, diz ser falta de educação exigir que seu convidado use um determinado traje. Neste ponto, eu concordo.

Também considero complicado condicionar a presença de um convidado a uma forma específica de vestir.

Isso conta, inclusive, para as noivas que impõem cores e modelos de vestidos para as suas madrinhas. É preciso considerar em como elas se sentem neles e se possuem recursos financeiros para investir em novas peças.

Eu sei que existe a questão de sonho antigo e que a estética faz parte dele. Mas de que adianta a embalagem sem o conteúdo – as pessoas?

Embora exista toda uma cultura de ostentação, que transformou completamente o significado das festas, o principal ainda é celebrar um passo importante.

Por que definir o traje esperado?

Por outro lado, também considero descuido quando não há a mínima sugestão de traje esperada.

Afinal, os anfitriões sabem o que esperar da festa. Já o convidado não tem bola de cristal. Os mais íntimos podem até perguntar – e ainda assim, muitos ficam sem graça.

Também é bacana lembrar dos agregados. Neste caso, grandes são as chances de que se vistam além ou aquém do esperado. A descoberta vai rolar na hora do evento – e junto a ela virá o mal estar.

Em algumas ocasiões, como coquetéis ou casamentos diurnos, os equívocos são frequentes.

Só para exemplificar, eu mesma já presenciei situações curiosas.

Em uma delas, os noivos não colocaram nada no traje. Aos próximos, diziam que não era nada chique. Um evento simples.

Entretanto, as madrinhas estavam de vestido longo com cauda. Já alguns dos convidados, de jeans – estes saíram antes do evento para evitar o desconforto.

Ou seja, existe um desejo de preservar a nossa individualidade. Existe a questão dos recursos.

Mas todos também temos o desejo de pertencimento.

A vontade de parecer a melhor versão dentro de um determinado código – mas não algo que não participa daquilo.

Qual é a melhor abordagem para os trajes?

Em suma: definir o traje é algo importante, ao meu ver. Mas requer cuidado.

Primeiro, com o destaque desta informação no convite. Colocar em negrito e letras garrafais logo no começo pode soar como imposição. Já incluir discretamente como uma observação no rodapé soa muito mais simpático.

Da mesma forma, as palavras usadas também fazem toda a diferença. Mais delicado que traje obrigatório é o termo traje sugerido. Você deixa claro que a pessoa é mais importante do que a roupa que ela escolhe, mas que a festa terá um nível de formalidade específico. Fica ao critério dela se enquadrar ou não.

Para além dos convites de casamento, isso vale para qualquer tipo de ocasião. Festas temáticas – à fantasia, festa do branco ou de época, por exemplo – também contam!

Lista de trajes comuns

Se você não faz ideia do que colocar, aqui vai uma listinha de termos comuns pra usar como guia:

Traje Esporte

É aquele mais informalzão. É o tipo de roupa esperada em almoços descontraídos, festas de aniversário, batizados e afins. Quase como aquilo que a gente já usa no dia-a-dia, mas com um toque mais arrumado. Por exemplo, em vez de calça jeans, pode ser um vestidinho de algodão. Em vez de camiseta, uma camisa de botões.

Geralmente, este nem entra como sugestão necessária. Mas é uma boa orientação para que ninguém se exceda achando que o nível de formalidade de uma ocasião é maior do que realmente deveria.

Peças de corte e materiais legais, mas não muito formais – a blusa, por exemplo, é de malha. O salto e a bolsa poderiam ser ainda mais informais se o evento fosse durante o dia. O cabelo levemente “bagunçado” e a maquiagem nada carregada evitam que o look fique muito arrumado. Imagem: Pinterest

Traje Passeio

Hoje também conhecido como “esporte fino” e suas variações.

Essa é a sugestão mais comum para aniversários de 15 anos, jantares e coquetéis. Aquelas ocasiões noturnas mais elaboradas – pero no mucho.

É quando a mulherada tira o tal “pretinho básico” do armário (que não precisa ser preto!). Os homens já colocam uma calça social, camisa e paletó.

Porém, o vestido aqui não precisa ser longo. Algum detalhe bacana no material ou nos acessórios basta, enquanto os homens não precisam de gravata.

Traje Passeio Completo ou Social

Principalmente usado para casamentos.

Os materiais são mais elaborados, as modelagens menos informais. Os homens vão de costume (terno sem colete) e gravata – depois das 18h, sempre pretos ou muito escuros. A mulherada vai de vestido curto de material interessante ou longo mais simples.

Se casamento, ninguém vai de branco e cores claras além da noiva. As madrinhas evitam preto, por causa da associação com luto que algumas pessoas ainda fazem. O vermelho divide opiniões – especialmente no altar.

As estampas funcionam melhor em materiais sofisticados e durante o dia, mas para as madrinhas cabe uma conversa com a noiva.

Traje de Gala / Rigor / Black Tie

Esta categoria é usada para bailes e eventos igualmente sofisticados. Bem sofisticados.

Antigamente, a diferença entre esses 3 trajes era mais usada. Hoje, praticamente não existe mais.

São bem raras as ocasiões em que os homens usam fraques (gala) – se muito, smoking. Portanto, neste caso, cabe o smoking com gravata preta para eles e um longo mais elaborado para as mulheres.

Aliás, o acabamento aqui é importante!

Para elas, jóias ou semi-jóias bem elaboradas, bolsas pequenas, calçados de tiras bem finas, maquiagem e cabelo feito por profissionais. Homens podem lançar mão de lenços de bolso e punhos franceses com abotoaduras, caso queiram se diferenciar.

Post originalmente publicado em 27 de março de 2015.
Imagem de destaque: Amy Shamblen em Unsplash