Engordei, e agora?

Engordei e minhas roupas não servem mais, e agora?

Entre as diversas dúvidas que eu escuto e leio de clientes, tem uma que é bem recorrente: engordei e minhas roupas não servem mais, e agora?

Se esse é o seu caso, primeiro, eu quero dizer que te entendo. Eu trabalho com imagem, estudo imagem, e vira e mexe eu me pego tendo que ressignificar alguma questão relativa a isso.

A necessidade de aprender a amar e valorizar o próprio corpo, a perda de referência diante de uma mudança repentina… Tudo isso eu sinto ou já senti na pele, porque eu também engordei. E foi em um curto espaço de tempo. Então, eu entendo perfeitamente esse momento de dúvidas, de dificuldade em achar marcas com variedade de tamanhos e peças com bom caimento.

É possível tornar essa transição mais suave, seja durante um processo de emagrecimento ou de fazer as pazes com o corpo e aprender a amar as novas curvas. Então, para isso rolar de modo mais tranquilo, especialmente na hora de se vestir, aqui vão algumas dicas e reflexões de guarda-roupa.

Engordei mesmo?

  • Nos últimos anos a modelagem das roupas diminuiu. Seja por padrão de beleza ou por confecções que consideram biótipos muito diferentes do padrão geral brasileiro, um 42, que antes era M, passou a ser G. E isso cria uma ideia inverídica de que seu corpo não cabe nas roupas, como se houvesse algo errado com ele por isso. Só que, na verdade as roupas é não estão sendo feitas para caber em nós;
  • Qual é o seu corpo de referência? Muita gente olha para fotos da adolescência e diz “Nossa, como eu era magra! Como foi que eu engordei?”. Mas esquecem que o corpo naturalmente muda, passa por fases e diferentes hormônios. Não dá para esperar ter aos 30 a mesma silhueta que tinha aos 17, quando o corpo ainda não estava totalmente formado;
  • Você tem uma percepção realista do seu corpo? Você já tirou medidas, analisou proporções, e olhou para ele sem a influência de lingeries que marcam e roupas que apertam? Eu já atendi várias clientes que estavam insatisfeitas com algo no próprio corpo. Só que, na hora de analisá-lo, descobriram que aquela ideia de que o quadril era muito largo, ou a cintura pouco marcada, sequer era condizente com a realidade.

Engordei, mas vou emagrecer

  • Tire as roupas que não servem mais do armário. Guarde-as em uma caixa ou outro lugar que você não veja. Mesmo que você queira voltar a usá-las, dar de cara com essas peças todas as manhãs pode ser desmotivador e ainda funcionar como gatilho para compulsões. Qualquer mudança que você deseja fazer na sua vida não tem que partir de uma dor, mas da certeza de que você pode fazer mais por você;
  • O emagrecimento é um processo de transição. E como toda transição, há boas chances de você chegar lá na frente com outras ideias e prioridades na vida. Portanto, se for necessário comprar roupas, faça o mínimo possível de aquisições. Lembre-se de que talvez elas só façam sentido nesse momento;
  • Quando há uma perda de peso muito grande, como no caso de uma cirurgia bariátrica, por exemplo, o manequim vai sofrer uma variação de alguns números. Para que você não precise trocar o guarda-roupa todo a cada 15 dias, e nem seguir usando as roupas antigas que ficaram grandes, vale optar por peças em malha e elastano, que vestem bem 2 ou 3 números;
  • Se o seu corpo não estabilizou em um peso, é melhor evitar comprar peças estruturadas e com mangas, como blazers. É muito difícil uma costureira conseguir ajustar uma peça assim sem mudar o caimento.

Engordei e vou bancar minhas novas curvas

  • Mesmo com ganho de peso, as proporções não mudam. Eu sei que a nossa cultura nos induz a pensar: “engordei e agora nada fica bem em mim”, mas isso não é verdade. Se as roupas que você usava não servem mais, mas você ainda sente que fazem sentido na sua vida, possivelmente você vai se encontrar nas araras das lojas que gosta. As novas peças que podem compor seu guarda-roupa seguem o mesmo estilo, mas em tamanhos maiores;
  • Isso também vale para os seus pontos positivos. Eles continuam aí! Pode ser o colo, as pernas, a cintura marcada… Qualquer que seja a sua parte favorita, ela continua aí. E é muito mais feliz e benéfico para a autoestima se vestir para valorizá-la. Escolher roupas exclusivamente para tentar esconder o que não tá agradando nunca funciona;
  • Você não precisa se desfazer das roupas que ficaram mais justas. É possível mover botões, soltar pence, colocar uma tira de tecido extra nas laterais… Nesse vídeo sobre prolongar peças na gravidez eu dou algumas sugestões de customização que podem ser úteis no seu caso.

Agora me conta: seu corpo mudou recentemente? Como você tem lidado com ele e com o seu armário?