Nós (eu e você, que acompanha meu trabalho há um tempo) já estabelecemos a importância de uma aparência bem cuidada, mas essa não é uma característica que aparece apenas na vida adulta.

A imagem projetada na infância interfere na integração em um grupo de amigos, em como uma criança será vista pelos colegas, professores e demais funcionários de sua escola e também pode contribuir com a maneira como ela mesma se percebe. Afinal, ao observar seu reflexo, absorve todas as mensagens ali contidas – especialmente porque, até uma determinada idade, não possui o controle da construção da própria imagem.

Algumas pessoas ainda consideram a família como uma extensão da pessoa  – visão que tem lá os seus problemas. Mas em alguma medida, se você é mãe, ou pretende tornar-se, significa que pelo menos por um tempo será responsável pela imagem de alguém.

Um bom aprendizado pode ser o de analisar a situação com um certo distanciamento – não apenas impondo o seu gosto.

Dar liberdade para que seus filhos escolham roupas com as quais se identifiquem e, assim, aprendam a expressar sua personalidade, pode ser importante para que eles tenham mais autonomia com o vestir ao longo da vida toda.

A infância é a época em que o ato de vestir-se é mais divertido e a melhor forma de explorar a nossa forma de expressão é sem os filtros que o medo do julgamento traz conforme vamos crescendo. É uma época tão permissiva, que mesmo as coisas consideradas mais absurdas ficam lindas aos olhos dos outros e isso pode ser uma vantagem.

Combinações inusitadas como meias grossas com sandálias, pochetes, crocs, sandálias franciscanas, conjuntinhos de moletom, regatas cavadas e tênis esportivos com qualquer tipo de roupa são alguns exemplos que parecem absurdos, mas que podem criar um repertório de uso de camadas e cores bem interessante.

Falando em prazer, crianças brincam, pulam, correm, transpiram e, eventualmente, caem. É natural que elas se sujem. Facilitar a escolha dele com peças que sejam fáceis de lavar, já pensando em toda essa atividade, pode evitar tempo e estresse com manchas.

Brancos, crus e suas variações podem ser um problema, por isso os cinzas, os tons terrosos, coloridos diversos podem ser mais interessantes. Os estampados têm o bônus de ajudar a camuflar as manchas. Caso uma mancha seja permanente, é possível brincar com patches, bordados e outros apliques para esconder.

Ainda é importante conversar sobre os códigos de vestuário esperados em cada ambiente e ocasião, já que nessa fase os padrões de comportamento também começam a ser formados. Uma forma de fazer isso é explicando o motivo pelos quais algumas regras existem e como é sempre importante adaptar-se a elas – em vez de deixar de ser quem se é para caber dentro de alguma regrinha.

Também é importante lembrar que crianças precisam de praticidade e conforto, portanto cuidado com enfeites e modelagens excessivas que limitem a movimentação.

Particularmente, acho complexo vestir crianças como mini-adultos. Além de borrar as diferenças de percepção entre o que é ser criança e o que é ser adulto, alguns ítens, como saltos, podem prejudicar o desenvolvimento e trazer problemas no futuro. Por falar em desenvolvimento, é importante checar com o pediatra sobre roupas e acessórios desaconselhadas para cada fase, em termos de mobilidade, conforto e interferência na formação.

No livro How to Dress for Success, Edith Head aborda o tema em um dos tópicos e também dá uma dica valiosíssima: observe as roupas que as outras crianças do círculo de seus filhos estão usando. Mesmo que você não ache bonita uma determinada moda, não se esqueça que nessa idade a aparência tem um papel fundamental para que seu filho se adeque.

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