Minhas roupas não ficam bem em mim, e agora?
Nos cabides do guarda-roupa, tudo parece ótimo. O problema é quando as peças saem dali de dentro. Na hora de se vestir, aquele monte de roupas bonitinhas simplesmente não “dá a liga”. Rola um desconforto, um estranhamento… As peças são até legais mas, no corpo, fazem aparecer um letreiro de neon que avisa: “Minhas roupas não ficam bem em mim”.
Conhece essa sensação? Então pode ficar tranquila, porque você não é a única. Há vários motivos que podem levar a isso, e a questão pode ser resolvida com uma dose de reflexão e algumas atitudes.
O que isso quer dizer?
O primeiro passo para resolver essa treta cotidiana com o armário é definir o seu conceito de “não fica bem”. O que “não ficar bem” significa para você? Será que é uma sensação de que aquelas peças não te representam?
Uma pessoa pode estar “bem vestida” na teoria, por estar dentro do código de formalidade esperado em um ambiente, ou por estar usando peças que estão na moda e que fazem com que ela se encaixe melhor em um padrão aleatório de beleza. E, mesmo com tudo isso, estar totalmente destoante do próprio estilo – o que, sozinho, já pode trazer aquela sensação de “não tá ruim, mas não tá bom”.
Por que não ficam bem?
Se você sente que o problema é muito amplo, muito grande, que não dá para apontar um motivo específico e que nada funciona no seu guarda-roupa, bora pensar com calma. Respira e avalia esses looks, etapa por etapa, até mapear tudo o que está incomodando. Essa checklist pode ajudar:
- O problema está no caimento?
- Está na formalidade das peças?
- Será que está no estilo? Deixa eu ser mais específica aqui: você quer usar esse look (ou comprar essa peça) porque faz todo o sentido na sua vida e você se sente incrível com ela? Ou será que você quer se vestir assim só porque alguém falou que está na moda, ou porque parece bonito em outra pessoa diferente de você?
- As peças parecem integradas entre elas, ou o look te dá a sensação de que tem algo roubando a atenção e “se deslocando” da combinação?
- O look está evidenciando uma parte do seu corpo que você quer valorizar?
Eu entendo que anos de polícia da moda fizeram a gente acreditar que o jeito “certo” de se vestir é para agradar os outros e para se encaixar em padrões. Mas a verdade é que a gente fica muito mais satisfeita quando se veste de acordo com um objetivo definido. Não pensando no que o outro espera, no que vai impressionar o outro, mas se questionando: “O que eu quero hoje? O que eu quero mostrar sobre mim nessa ocasião?”. Simplesmente porque cada elemento tem uma finalidade e não dá pra falar arroz usando a palavra feijão.
Eu falei mais sobre essas questões nessa live que está no meu canal no YouTube:
Será que é o caimento da peça?
Quando as roupas não ficam bem logo de cara, um bom caminho para entender a origem do problema é observar o caimento. A maneira como a peça “encaixa” no nosso corpo faz uma diferença enorme no impacto dela sobre a nossa imagem.
Isso precisa ser frisado porque o nosso modo de consumo baseado em redes de fast fashion nos induz a acreditar que as roupas já saem da loja prontas para usar. Mas não é assim. Se não todas, quase todas as peças precisam de ajustes para um caimento melhor.
Algumas coisas são estruturais e precisam sair perfeitas da loja: a linha do ombro, a gola, o colarinho, o gancho e o cavalo. Mas todo o resto (barras, pences da cintura, lateral da perna, altura do punho, etc) pode ser arrumado por uma boa costureira.
Então, procure perceber se a peça precisa de ajustes. Às vezes, o caimento atual não está “errado”, mas ainda pode ser melhorado. Talvez aquela blusa bonita não esteja grande, e mesmo assim encaixe melhor no seu corpo se ficar dois dedos mais curta, por exemplo.
Neste post eu falo mais sobre essa questão: Em busca do caimento perfeito.
Será que é o jeito de usar?
Não basta vestir a roupa, é preciso se apropriar dela. E talvez seja essa a peça faltante nesse quebra-cabeça que é um look. Um truquinho simples de styling, como dobrar a manga de uma blusa para redistribuir as informações, ou mesmo para trazer mais informalidade, pode fazer uma diferença absurda num look que estaria fadado ao esquecimento.
Brincar com os jeitos de usar – dobrando, colocando ou não pra dentro e quanto, abotoando de jeitos diferentes, combinando com acessórios – torna a peça mais a sua cara.
Você pode ver algumas dicas de styling neste post que reúne truques que deixam sua peça mais sofisticada.
Qualquer que seja o epicentro do problema, a sensação de “minhas roupas não ficam bem em mim” não é um desfecho, mas o início de algo que pode ser muito legal. Seja uma série de ajustes em peças que você já tem, seja a descoberta de novos jeitos de usar uma roupa, ou até a percepção de que o seu estilo não é exatamente o que você estava pensando – é ainda mais interessante.