Não levo jeito para me vestir bem

Por mais que eu diga que todo mundo tem estilo, já atendi várias clientes que começaram o trabalho de consultoria jurando serem casos perdidos. “A estilosa é a minha irmã, eu sou a engraçada”, “Minhas roupas não têm a menor conexão entre si, não tenho um estilo definido”, ou então, “Eu simplesmente não levo jeito para me vestir bem” são frases que já ouvi vááárias vezes.

Se você também diz isso, aqui vai uma notícia: nenhuma das mulheres que falou essas coisas era, de fato, sem estilo. Uma das minhas clientes de consultoria ouviu por diversas vezes que não tinha estilo. Hoje em dia, essa mesma cliente me manda várias mensagens contando dos elogios que as pessoas fazem aos looks dela e como ela é vista como uma mulher estilosa.

Por que você acha que não leva jeito?

Essa sensação de que você não passou na fila do estilo antes de nascer é infundada, mas tem alguns motivos.

• O que você aprendeu sobre estilo. Muitas de nós crescemos ouvindo que estilosa é a fulana, que só usa vestidos. Ou a filha da vizinha que só veste alfaiataria. E isso, inconscientemente, foi se tornando o nosso conceito de estilo. Mas essas ideias não são verdadeiras! Estilo é expressão da personalidade pela imagem, portanto, não tem um jeito certo de se vestir com estilo;
• As barreiras que colocamos entre nós e o estilo. Para ter estilo é preciso ter dinheiro? Para ter estilo é preciso ser magra, alta, ter pernas longas? É claro que não! Para ter estilo basta existir. O seu estilo já está aí, com você;
  Os extremos. Há quem acredite não ter estilo porque se veste de um jeito muito delicado e romântico em alguns dias e super forte em outros. E aí, não enxerga o próprio estilo porque acha que as duas coisas não podem coexistir, quando na verdade o estilo da pessoa está justamente aí, na junção de ambos. Se esse é o seu caso, tente trocar o OU pelo E. Em vez de enxergar antagonismo em duas manifestações da sua personalidade, tente entender onde esses pontos se unem;
• Focar no outro. Vestir-se pensando no que os outros vão pensar é o jeito mais fácil de se desconectar do próprio estilo. Às vezes a pessoa nem sabe quem são esses tais de outros. Que pessoas são essas que vão te julgar, afinal? E, ainda que saiba nomeá-las, talvez elas nem achem mesmo que você não deve usar pantacourt, ou que não fica bem de cabelo roxo. E se acharem, tudo bem, também. A opinião delas faz mesmo diferença na sua vida?

Estilo é a expressão, pela imagem, da sua personalidade, da sua história e dos seus objetivos. Se você não entende o seu estilo e não consegue delimitá-lo, é dentro de si que precisa procurá-lo. O seu estilo já está aí com você!

Você leva jeito, sim!

Deixa pra lá essa ideia de que não leva jeito para se vestir bem. É muito mais efetivo lidar com a questão tendo esses pontos em mente:

• Ter estilo e se vestir bem são coisas diferentes. Para se vestir bem é preciso se apropriar do próprio estilo, mas você não necessariamente está mostrando seu estilo quando se veste bem. Vestir-se bem pode estar relacionado somente a se adequar ao nível de formalidade de uma ocasião e usar elementos da moda. Mas fazer isso fica muito mais fácil quando você foca primeiro no próprio estilo e consegue listar quais padrões seus precisam aparecer em determinado look;
• Se a estilosa nunca foi você, então há mais espaço para experimentar. Quando a pessoa recebe o rótulo de estilosa, pode se sentir pressionada a sempre seguir um padrão que a mantenha detentora desse título. Se ninguém olha para você como “a estilosa das roupas de grife”, ou “aquela que é estilosa porque se veste da maneira tal”, você tem mais espaço e menos pressão para brincar com as possibilidades;
• Deixe a curiosidade te guiar e experimente, mesmo que dê errado. Muita gente fica com medo de montar looks por medo de errar, mas é muito fácil tirar a roupa e tentar outra possibilidade, seja no provador ou no quarto;
• Erro é aprendizado. Então, se der errado, celebre!

Da teoria à prática

Para entender os erros e também os acertos, vale fazer um exercício:

• Escolha 3 coisas que você sempre quis usar, mas nunca se permitiu experimentar porque achava que só gente estilosa, ou gente com um corpo diferente do seu poderia vestir. Pode ser uma peça, uma mistura, um jeito de usar…
• Então, finalmente, com toda a sua ousadia e alegria, experimente essas 3 coisas. Vamos lá, coragem!
• Observe-se. Dê aquela longa encarada no espelho, tire foto, mude de posição, dobre mangas, desdobre mangas, ponha a camisa para dentro, ou ponha a camisa para fora…
• Enfim, tente e analise: O que você sentiu? O que ficou bom? O que deu errado?
• Pense sobre isso e ANOTE! É importante anotar porque, depois, tudo vai ficar mais fácil;
• Anotou tudinho? Então leia, com calma e carinho, procurando padrões. Sabe as tentativas que não deram certo? Tente encontrar o que todas elas têm em comum, para decifrar o que não funciona para você. O mesmo vale para o que deu certo. Funcionou por quê?
• Identificados os padrões, anote-os também. Tente seguir os padrões que deram certo e contornar os que deram errado. A ideia, aqui, não é que essas percepções te limitem a se vestir sempre igual, mas que te ajudem a ir cada vez mais longe.

Depois, volta aqui e me conta como você está lidando com essas descobertas!