Arrumar o guarda-roupa

Por que arrumar o guarda-roupa faz você se vestir melhor

Se o seu armário tem áreas sombrias que guardam peças que não devem ser mencionadas, tá na hora de arrumar o guarda-roupa. E eu não falo isso porque quero bancar a sua mãe, embora ela tenha razão nisso também. Eu falo porque sei que arrumar o guarda-roupa vai te poupar de muita canseira, destravar sua criatividade e mandar pra longe a sensação de “nada para vestir”.

Não é raro eu encontrar mulheres que guardam dentro do armário um cemitério de elefantes. Sabe aquela cena do Rei Leão em que o Mufasa senta no alto de uma pedra com o Simba para mostrar o reino? O molequinho, que não é bobo nem nada, já pergunta logo sobre aquele canto escuro e distante. E o pai emenda: “Fica além do nosso reino, você nunca deve ir lá!”. “Lá” é o cemitério de elefantes.

Dentro do guarda-roupa ele guarda peças esquecidas, peças que representam o arrependimento de uma compra mal pensada e até peças que estão entocadas, sem ver a luz há meses, só esperando uma “ocasião especial” que nunca chega. E cada vez que sua mãozinha cogita passear ali, uma parte do seu cérebro entra em ação e proíbe, porque fica além do nosso reino.

Arrumar o guarda-roupa é descobrir peças que você nem lembra que tem

arrumar o guarda-roupa

Photo by Priscilla Du Preez on Unsplash

Em média, só 20% do seu armário é usado 80% das vezes. Essa proporção não é aleatória, ela vem da Lei de Pareto, que diz que 20% dos esforços geram 80% dos resultados. Então, pode reparar: você usa uma parcelinha mínima das roupas que tem e ignora a existência do restante.

Precisa de um auxílio pra visualizar isso? É exatamente esta a proporção da imagem abaixo:

É claro que é normal ter no guarda-roupa algumas peças que não entram em campo com tanta frequência.

Tem aqueles casacos que você só usa em viagens, porque são incompatíveis com o clima da sua cidade. Tem as roupas de festa, que só são necessárias uma vez a cada 3 ou 4 meses. E tem aqueles itens que são usados para trabalhar, mas só em dias de reuniões mais importantes ou outros eventos que não são recorrentes. Mas, mesmo assim, há enormes chances de esses 80% pouco utilizados serem compostos também por peças que não fazem mais nenhum sentido e poderiam ir embora do seu armário sem deixar saudade.

Guardar esse monte de peças pode parecer um hábito inofensivo, mas ele te atrapalha, e muito. Você já parou para pensar na quantidade de vezes que procura uma peça e esbarra nas moradoras do cemitério de elefante? E na manobra que faz para desviar delas quando tenta se arrumar logo cedo? E no quanto tudo isso te desgasta em um momento que deveria ser de alegria e inspiração?

Seu armário está te atrapalhando

É aí que entra o paradoxo das escolhas, uma teoria criada por um cara chamado Barry Schwarz e voltada para lojas, mas que se aplica também ao guarda-roupa. Ela diz sobre o excesso de escolhas e como ela faz os clientes ficarem mais ansiosos e sobrecarregados, o que acaba por dificultar a venda. Dá uma olhada no TED dele:

Quando você abre seu armário de manhã em busca de algo para se vestir, está fazendo uma compra. E quanto mais coisas encontrar ali que não lembra que tem, que não usa e que não gosta, pior para você. Esse excesso de informações vai te confundir, te sobrecarregar e comprometer sua capacidade de fazer julgamentos.

Os cemitérios de elefante que você abriga, além de ocuparem um espaço precioso que poderia ser melhor utilizado, estão atrapalhando sua vida. Você pode ser muito mais ousada e criativa na composição dos looks se tirá-los de lá.

Aliás, se precisar de ajuda, eu te dou algumas dicas de como ter mais criatividade para se vestir.

Então, bora arrumar o armário? Crie coragem, separe algumas horas, coloque uma playlist gostosinha e vá desbravar tudo isso que está além das terras do reino. Separe para doação o que não faz mais sentido para você, coloque na pilha do descarte o que não tem mais jeito e reencontre aquelas peças que não mereciam estar de castigo. Com certeza tem coisa boa escondida aí!

Depois, volta aqui pra me contar dos looks novos que você criou com roupas que já tinha, e que só foram possíveis porque suas escolhas ficaram mais fáceis e a criatividade passou a fluir muito melhor.