Tenho preguiça de olhar para o meu estilo

Se você acredita que ter estilo dá muito trabalho e vive repetindo “tenho preguiça de olhar para o meu estilo” porque não quer gastar seu tempo com esse assunto, vamos conversar!

Eu sou do time da preguiça. A preguiça me move! Inclusive, adoro uma frase atribuída ao Mário Quintana que diz que se o homem não fosse preguiçoso, não tinha inventado a roda.

Então eu entendo do assunto. A questão é que o trabalho a gente já tem. Mesmo que não experimente roupa no provador, não devolva peça que não serviu e faça o mínimo de esforço possível para se vestir, essa parte da vida dá trabalho. Porque tem que combinar roupas de um armário nada prático, ou porque faz qualquer combinação e depois passa o dia pensando que os outros estão achando o look esquisito…

Então, se vamos ter trabalho de todo jeito, é melhor que seja na hora de montar o acervo seguindo critérios e uma lógica. E não diariamente, logo cedo, na hora de se vestir.

Você tem preguiça do quê?

Em vez de se limitar a dizer que sente preguiça, é mais efetivo entender de onde essa preguiça vem e o que ela está querendo dizer.

Há quem sinta preguiça de olhar para o próprio estilo porque tem um guarda-roupa abarrotado de peças que não servem mais, ou que já passaram pela vida e pararam de fazer sentido, ou porque faz compras aspiracionais, pensando na vida que quer ter, e não na vida que tem.

Outro motivo comum para ter preguiça de encarar o guarda-roupa é o desconhecimento sobre o próprio corpo. Mulheres não aprendem a se olhar e se conhecer, e a gente só cresce sabendo que nosso corpo deveria ser como o da capa da revista e não é. Mas como ele é, então? Quais são as proporções? Do que a gente gosta? O que quer valorizar? Se você não tem as respostas para essas perguntas, bora tirar a roupa e se olhar no espelho com tempo e carinho.

Há também a possibilidade de você ter preguiça de lutar contra algo que é natural seu. Eu, por exemplo, cresci com a ideia de que mulher tem que ser delicadinha, e que características minhas que fossem contra a ideia de suavidade eram um problema que eu precisava varrer para debaixo do tapete. Então, será que você não está brigando com algo com que precisa fazer as pazes?

Quando o armário não ajuda

O estilo é imutável. A gente pode se relacionar com o próprio estilo de várias maneiras diferentes ao longo da vida, e expor diferentes facetas dele. Mas nosso estilo é único e é sempre o mesmo.

Para expressar o estilo da maneira desejada, é importante ter um guarda-roupa que jogue a favor, e não contra. A preguiça de olhar para o próprio estilo, em alguns casos, vem daí: de um armário complicado de lidar.

A cultura do fast fashion nos ensinou que roupas são descartáveis e que, quanto mais, melhor. O resultado disso é um guarda-roupa cheio de coisas que não fazem sentido. Como é que você vai ficar empolgada para se arrumar se tem que vencer essa adversidade logo cedo?

Vale ter sempre em mente que uma roupa não precisa entrar no seu armário se for te obrigar a gastar mais energia do que você quer. Um exemplo são as peças delicadas que precisam ser lavadas à mão. Se você não está disposta a ter esse trabalho com certa frequência, melhor deixar a roupa na loja.

Outro critério importante é quanto ao conforto. Se você precisa acordar muito disposta para encarar o incômodo que aquela peça bonitinha te causa, então ela não merece ocupar espaço no seu guarda-roupa.

Outra sabotadora da sua parceria com o próprio estilo é a peça diferentona. Aquela que você comprou porque estava cansada das suas roupas e queria inovar. Pois agora gasta um tempão tentando combinar o tal unicórnio com todo o resto que você já tinha.

O critério de ouro

Talvez você já tenha percebido isso que eu vou falar, mas grande parte de todos esses problemas causadores da famigerada preguiça de olhar para o próprio estilo pode ser evitado com uma medida simples. Se você só gastar o seu rico e suado dinheirinho com peças que façam tocar o hit “Sou Foda” no instante em que você as experimenta no provador, seu guarda-roupa vai ser um lugar muito mais feliz.

Vestir precisa ser fácil, fazer compras, não. Então, sinto informar, mas você vai ter que bater perna, garimpar, comparar e ter paciência para cada item da sua listinha de necessidades. Eu já cheguei a demorar 6 meses para comprar um mísero batom vermelho. Mas, se eu não tivesse feito isso, ia comprar vários batons ao longo do período e não usar nenhum, porque eu queria aquele específico que só achei 6 meses depois do início da procura.

Portanto, tenha critérios rígidos e não abra mão deles. Quando você preenche o armário de peças que são absolutamente tudo o que você queria, a hora de se vestir se torna mais fácil, mais breve e muito mais prazerosa.